segunda-feira, agosto 30

050

Veio-me a mente aquela frase "água mole em pedra dura tanto bate até que fura". E não foi por acaso, na verdade.

Desde o dia em que descobri que eu posso ser responsável pelos meus pensamentos até cerca de quatro anos atrás, antes de eu virar um "estudante universitário", acreditava que a faculdade mudava a vida da gente para sempre. Acreditava que lá tudo seria diferente do que eu já tinha feito até então, que tudo seria absolutamente completo e desafiador. O tempo foi passando e fui perdendo esta certeza. Na verdade vi que as coisas não mudaram tanto assim. Uma pena, não?

Pouco mais de três anos e meio se passaram e somente por esses dias é que comecei a me sentir mais... desafiado. Comecei a sentir que o que eu pensava não estava necessariamente certo e que havia uma teoria que fazia bem mais sentido do que o que eu confiava como certo - ou quase certo.

Tenho percebido isso nas últimas semanas. Dependendo da aula, claro, saio de lá simplesmente me perguntando se o que eu penso sobre o assunto faz tanto sentido assim... Simplesmente não parece mais, entende?

Quando falo sobre minha situação escolar com uma pessoa nova no meu círculo de amizades vem aquelas frases do tipo "Nossa, está acabando, heim?" ou então "ahh, quando acabar irá sentir falta". Nos últimos anos eu iria dizer "não sentirei falta" ou alguma variação. Agora eu penso melhor e vejo que finalmente a faculdade está me atingindo da forma que eu sempre pensei que iria me atingir - antes de entrar.

Ao fim da aula, na minha caminhada noturna, começo a me sentir ignorante, aí resolvo refletir sobre o que aprendi e melhoro um pouco. Porém isso me leva a pensar naquelas pessoas que, desde a minha, sei lá, terceira série, diziam que eu era "inteligente" e não sei mais o quê. Por mais que isso aumente nossa auto-estima, o que é bem positivo, nunca gostei muito de receber esse rótulo. Deixava-me desconfortável, mas imaginava que eu era apenas acanhado. Permaneço com isso. Agora falam menos, porque falo menos, mas ainda aparece um ou outro. O meu problema com pessoas que dizem isso não é necessariamente porque eu não concordo, mas sim que se eu, com toda essa ignorância que sinto que tenho, sou, para eles, inteligente, imagina então o que acham de si mesmos. Parece-me tão errado.

Lembro de uma ocasião no ano passado na qual uma moça simpática que eu conhecia disse algo como "eu sei que você não gosta de mim, porque você só gosta de mulher inteligente". Aquilo ficou um pouco na cabeça, mas depois acabei deixando de lado. Mas veio novamente... Que será que ela pensou?

Preciso de férias. Preciso sair, relaxar, parar de pensar no que normalmente penso, parar de fazer o que normalmente faço, parar de falar com quem normalmente falo e fazer o que, afinal, eu quero.  Eu poderia fazer tudo, não? Hmm... Tenho certeza que não.

Nenhum comentário: