terça-feira, agosto 27

Felicidade

Hoje fui pego de surpresa com "o que é felicidade?".

Tradicionalmente, qualquer um que me pergunte, a qualquer tempo, se estou feliz, provavelmente recebe um "não particularmente" em resposta. A versão curta é que nunca estou particularmente feliz. Isso, entretanto, não quer dizer que necessariamente eu esteja completamente arrasado, como quando o gato da gente morre. As pessoas têm dificuldade com essa parte.

Hoje perguntaram se estou feliz com o carro novo. Pensei um pouco, afinal não tinha chegado a pensar se o carro iria ter alguma influência quanto a minha felicidade, e continuei com o meu "não particularmente". Não foi uma reação tão simples quanto é normalmente. Me incomoda um pouco o fato de pensarem que gastar todo esse dinheiro num único bem me deixa feliz. Não que eu não seja materialista, como o mundo moderno me ensinou, mas chamar esse meu conforto de felicidade é exagero. A palavra é esta mesmo: conforto. Estou confortável com ele. É cômodo ir trabalhar de carro, é cômodo poder ir e vir a qualquer hora, faça chuva ou faça sol. Isso, entretanto, não é felicidade para mim. Afinal, se eu não tivesse que sair por aí todos os dias, do que iria me adiantar?

Daí veio a pergunta sobre o que é felicidade. Disse que não iria conversar sobre aquilo naquele momento. Esse é o tipo de pergunta que geralmente me deixa sem resposta. Não entendo muito dessas coisas e não sei bem o que é essa tal felicidade. Não sei se já tive uma dessas desde quando consigo me lembrar.

Acho que tem a ver com um contentamento tão grande que te faz relevar todas as inconveniências do dia-a-dia e todos os problemas que estejam perto de você. Esse é o tipo de coisa que quero para mim, mas não lembro de ter tido. Não sei, também, o que pode me fazer ter essa sensação.

Assunto complicado esse... acho que o problema é que eu sempre fico pensando nos problemas. E isso é incompatível com o que eu disse ali em cima.

segunda-feira, agosto 5

133

Ontem, antes de dormir, comecei a pensar nas pessoas que larguei pelo caminho. Me lembro de uma de quando eu estava na primeira série e que tenho a forte sensação que vi novamente há alguns meses numa eleição. Depois a próxima recordação é da época que eu estava na quinta.
Não consegui passar da sétima série, acabei dormindo e não lembrei disso até o momento em que comecei a escrever este post. Lembrei porque deu vontade de escrever justamente porque estava com outra dessas pessoas que deixei passar na cabeça. E falei dela num post aqui tem alguns anos. Procurei o post. E achei. E li. E tudo voltou. Procurei no facebook também. Achei. Um perfil bem fechado, devo dizer. Não pude explorar muito. Talvez seja melhor assim.
Deixei-a escapar duas vezes. Acho que isso nunca aconteceu... Digo, deixar escapar duas vezes e sentir a mesma coisa nas duas vezes. Não foi a única que larguei duas vezes, mas geralmente a segunda vez é demais para mim e nunca mais penso no assunto. Exceto com essa.
Tenho um punhado de arrependimentos nessa vida e acredito que a maior parte deles sejam parecidos. E esse, em particular, me parece o maior deles. Os outros estão por ali também, mas... acho que a gente acaba aceitando e encarando numa boa. Esse não. Porque foi besteira e eu tive várias oportunidades de resolver o problema. E só era um problema porque eu não fiz nada para resolvê-lo, porque se tivesse feito, não existiria o problema a ser resolvido. E não porque ele já estaria resolvido, mas porque ele não existiu. Ou não, acho que podemos encarar que o problema sou eu e pronto. Se eu tivesse esclarecido aquela questão numa das MUITAS oportunidades que tive, eu estaria resolvido como problema e talvez estivesse mais satisfeito agora. Ou não, como é que eu vou saber.

O post que citei mais acima me lembrou de outras coisas. E é curioso, porque aquele post nasceu de uma limpeza no armário e hoje fiz algo bem similar. Isso me faz pensar que estou andando em círculos. Nesse tempo todo dei uma volta enorme e terminei no mesmo lugar, talvez apenas mais infeliz. Mas acho que não preciso me preocupar com isso no momento.

domingo, julho 28

132

Acho que preciso usar o blog novamente. E aqui estou.

Fazia algum tempo que não utilizava o fim de semana para não fazer nada de mais. Geralmente o sábado é um dia mais preguiçoso, mas no domingo sempre tem o que fazer. Bom, hoje eu dormi até mais tarde, vi TV, fiquei no sol...

Ando meio azedo nos últimos tempos. Nem sempre as coisas dão certo por aqui, mas elas estão indo particularmente ruins nas últimas semanas. Mas estou lidando com isso da melhor maneira que sei: fico irritado um tempo, depois ignoro, na melhor filosofia "serenity now" (se você souber o que é isso,  me fale seu twitter para eu te seguir :P). Acho que num dos meus últimos posts, falei sobre meu relacionamento com o Twitter... Parece que de lá para cá as coisas tem mudado. Tenho usado menos o Twitter para reclamar das coisas. Mas também usei menos ele de um modo geral. Apesar de andar por ali sempre, também estou um pouco mais afastado das redes sociais como um todo. Posts, comentários, chats, grupos... Tem ficado cada vez menos divertido. E estou sem paciência também.

Sabe, eu reparo em muita coisa que acontece por aí. Coisas que as pessoas não me contam, que acontecem... Eu sempre fui do tipo de cara que não faz questão de saber o que não querem me contar. Você não vai me pegar por aí fazendo perguntas indelicadas sobre assuntos que não são da minha conta. A razão disso é muito simples. Em primeiro lugar porque eu não sei o que fazer com estas informações. Eu consigo ouvir, entender, processar, mas não consigo criar uma resposta adequada a maioria das coisas que me contam que não são técnicas ou estritamente práticas. E o outro motivo, sendo o mais importante, é que eu também não quero que me façam perguntas sobre assuntos que não são da conta de outros (exceto no caso de pessoas que tenho um relacionamento realmente forte, o que é absolutamente raro). E mesmo assim vivem me fazendo perguntas, me fazendo escolher entre parecer antipático e FDP ou comprometer minha intimidade. E não é como se eu estivesse convidando as pessoas a perguntarem alguma coisa. Justamente por isso eu não pergunto coisa nenhuma a ninguém, para evitar que pensem que estou dando a liberdade de fazerem o mesmo.
Essa atitude não parece das melhores para fazer amigos ou influenciar pessoas, mas não estou procurando nada disso. Acho que já estive, mas não mais. E há diversas razões para isso.

Essa é uma das coisas que tem me deixado azedo por estes tempos. E outras que já estava começando a esquecer.

quarta-feira, fevereiro 27

Blog: será este seu fim?

Acho que o mais sensato é abandonar isso aqui de vez. Está claro que não tenho responsabilidade e dedicação necessária para cuidar de um blog, que não fala, não come e não faz cocô. Também fiz um péssimo trabalho com a planta. O máximo que eu conseguia era me lembrar de por água de vez em quando, mas não foi o suficiente.

Nunca pensei bem em qual era meu objetivo para o blog, e talvez eu nem tenha um. A única coisa que eu sabia era porque eu fazia. Naquele tempo eu andava, pensava e criava na minha cabeça, mas às vezes tudo ficava muito misturado e confuso... Precisava de mais espaço, então ali estava o blog. Poderia me liberar de certos pensamentos, organizá-los e até deixá-los armazenados em outro local, caso eu precisasse deles eventualmente. Mas agora isso acabou. Eu não penso mais, não crio nada. Estou completamente infeliz e saber que não faço absolutamente nada de útil para a sociedade só faz tudo ficar pior. Esse sentimento de... não sei. De estar encostado, escorado, apenas tirando. Tirando o ar, a água, a energia... Ocupando espaço, inclusive. Nem sei se a sociedade quer que eu lhe faça algo de útil. Nem sei se há o que fazer.
Hoje mesmo meu twitter mostrou que o que tem me importado e me deixado sem paz é apenas um ódio de uma empresa sem a menor importância. E reconheço, é terrível ficar assim, mas é só o que tenho. E é daí que sai toda essa infelicidade. Não o ódio desenfreado, é não ter algo positivo que ocupe espaço na minha vida e me deixe longe desse tipo de coisa.

Meu assunto mais frequente por aqui, acredito, foi minha saudade dos tempos passados. O que tinha de especial neles era que eu não tinha essa preocupação. Nem este ódio que citei mais acima. Já devo ter falado sobre isso também. A coisa era simples e, de certo modo, feliz. É aquela coisa da grama do vizinho estar sempre mais verde. Nesse caso meu vizinho sou eu mesmo. E estou lá, sorrindo e tendo a liberdade de fazer o que eu quisesse quando eu quisesse (ou quase), inclusive escolher qualquer horário para ir no barbeiro. Hoje tenho regras. Em todo lugar. Coisas que devo fazer, quando devo fazer, implicações negativas caso não faça. E isso apenas vai me apertando... e sem motivo. Porque não é bom pra ninguém. Não é bom pra mim, não é bom pra você e também não pra quem me cobra ou para quem me encaixa nestes horários apertados.

E por falar em achar, talvez isso tudo que escrevi já possa ser encarado como um "ok, eu desisto e está aqui o motivo". Não estou dizendo que vou mesmo abandonar, mas se fizer já deixo os motivos esclarecidos. E não só para o abandono total do blog. Você pode me pegar por aí fazendo uma coisa muito extrema, tipo ir viver no meio do mato, com os leopardos. É bastante provável que eu não faça isso, mas as coisas podem piorar a tal ponto que serei obrigado a seguir por este (ou outro qualquer) caminho.

Gosto de pensar que não sou completamente culpado pela situação. Acredito que eu possa fazer alguma coisa se realmente me aplicar, mas... Também acho que é necessário força, energia, dedicação e empenho para fazer qualquer coisa e eu, infelizmente, não tenho ideia de onde posso tirar nenhuma dessas coisas.

quinta-feira, janeiro 24

130

Parece que estou me perdendo no tempo. Eu já não sei mais como estou passando meus dias ou o que tenho feito. Tem tudo estado no automático.

Não preciso mais de despertador. Na hora correta, simplesmente acordo. E tento dormir novamente, e acordo e me atraso. E aí já não sei mais o que acontece até eu ir dormir.

Não sei o que estou fazendo da vida, para onde estou levando.

Como disse o Al, eu acordo de manhã sabendo que nada no meu dia irá melhorar minha vida até eu ir dormir.

domingo, janeiro 6

Discurso intolerante

Ah, pessoas.
Ontem estava me atualizando nestas redes sociais da Internet e deparei-me com um post de uma amiga que me incomodou um pouco. Poderia citá-lo aqui, mas ela o removeu.
Ela estava expondo que desaprova o conteúdo da TV e considera que livros e cinema são superiores.
Começou dizendo que é desesperador saber que há mais livros para serem lidos do que tempo disponível durante toda nossa vida para lê-los todos, enquanto há tantos programas inúteis na TV. Concluiu que não dá para perder tempo vendo TV e que devemos procurar coisas mais úteis para fazer, como ler os tais livros ou ir ao cinema. Não exatamente com essas mesmas palavras, mas é algo nesse sentido.
Uma observação que fiz foi que o mesmo discurso pode ser utilizado pelos defensores dos programas "inúteis" da TV. Nós também não temos tempo disponível para ver todos os programas que existem. Devo concluir então que não dá pra perder tempo com livros e cinema? Não é por aí...

O que me incomodou foi juntar este comentário com o monte de postagens no Facebook, Twitter e afins de pessoas querendo definir o que é viver. Dizendo que fazer tal coisa é viver, enquanto o que a maioria das pessoas faz não é.
Meu problema com isso é que sempre me parecem discursos intolerantes. O ponto principal é: quem é você para querer definir o que é viver?
Acredito que cada pessoa pode ter sua própria definição do que é viver e continuar sua vida seguindo o que quer que seja que ela acredite. Pensei um pouco nesse assunto ontem antes de dormir e estava mais fácil explicar para mim mesmo.

Imagine que para o Sebastião, viver é acompanhar todas as edições do BBB a todo instante. E imagine também que ele se esforça para fazer isso. Ele está vivendo? Ele está fazendo algo de "bom"? Eu não tenho a mesma opinião que ele, não concordo que essa seja a melhor maneira de levar uma vida, mas... Por que eu estaria certo e ele não? Vai ver essa coisa toda que chamamos de vida é um teste para descobrir se há pessoas no mundo capazes de descobrir a profunda sabedoria por trás do BBB ;) haha
O que quero dizer é que se o indivíduo está ciente do que quer para a vida dele e faz o que pode para viver de acordo, o camarada está de parabéns! Meu problema é quando o sujeito pensa de uma forma, mas vive de outra. Aí sim considero que ele não está vivendo de verdade. É como ele dizer "viver é comer apenas frutas e verduras", mas passar seus dias comendo cachorro quente. Ele mesmo deve concordar que não está vivendo, no fim das contas.
Outro ponto que pode ser problemático é o impacto que o estilo de vida do sujeito tem em terceiros. E se tem um desavisado que teve uma visita de Deus, que lhe contou que para viver de verdade ele precisa começar a caçar e comer (literalmente) pessoas? Isso pode ser perigoso para nós, então nesse caso cabe certa intervenção. Ao menos na sociedade na qual estou inserido, este não é um estilo de vida aceitável e talvez ele devesse ir procurar o bando dele em outras bandas.

Não sei se ficou claro, mas não estou apoiando BBB, TV, livros, cinema ou qualquer coisa em particular. Estou defendendo a liberdade que cada um tem de definir o que é viver e agir de acordo com sua concepção (desde que não prejudique terceiros). Acredito que ninguém tem o direito de apontar para o outro e dizer "você está vivendo errado, seu burro". Nós sempre temos que ter em mente que podemos estar estupidamente errados.

Queria ter desenvolvido isso melhor, mas está tarde e eu só postei para dar um movimento nisso aqui. Mas, quem sabe, eu passo aqui de novo qualquer dia e dou um "tapinha" no texto ;)