domingo, outubro 23

Tem amizade escondida aqui

No caminho entre o trabalho e a casa, na hora do almoço, resolvi pensar nas minhas relações com as pessoas e como elas foram mudando ao longo dos anos.

Tentei organizar uns pensamentos durante o banho, mas agora parece tudo confuso de novo. Acho que eu devia começar a escrever com o chuveiro ligado, mas sinto que vai ser algo difícil de fazer.

As pessoas e eu temos um relacionamento complicado. Por um tempo me convenceram que eu era o complicador da coisa toda, e hoje ainda pego um ou outro dizendo isso. Lá no banho fez bastante sentido a ideia de que talvez não seja bem assim. Talvez eu não seja mais complicado que todo mundo, talvez só esteja cansado e não goste desse jogo que as pessoas jogam. Talvez, só talvez, eu seja o simples. Mas não, falar em simplicidade é tentar me fazer de inocente, e não sou inocente. No que me convenci ao longo dos últimos 2 ou 3 anos foi que o tamanho dos meus caprichos também é proporcional ao da minha tolerância (tolerância soa meio forte, mas não achei uma palavra mais adequada). Talvez alguns não concordem. O fato é que deixo passar, finjo que não vejo, que não lembro, tento não olhar e não toco mais no assunto. Sou assim, e na semana que vem, quando vejo novamente, é como um novo começo. Sou assim. Sempre. Acho que como um sujeito guloso. Ele tem vontade comer, então come, come e come, mas por mais que ele goste de comer em algum momento simplesmente não dá para enfiar mais comida. A diferença é que ele deixa o tempo passar e está pronto para uma nova rodada da mesma comida. Eu não, eu preciso de uma comida diferente. Minha mãe me deu muita melancia numa época. Hoje eu não aguento mais ouvir falar em melancia.

Tendo tudo isso e mais um pouco na cabeça fui lembrando de todas as "conexões" que fiz ao longo da vida, a partir dos 9 ou 10 anos, já que antes disso era meio difícil de lembrar. Vi porque as coisas não deram certo, quem são estas pessoas todas... enfim, não foi uma juventude muito agradável. Às vezes fico meio cauteloso ao dizer algo assim, porque sempre pode surgir um espertalhão de trás de uma moita e dizer que houveram juventudes piores. Devia me sentir mal por não dar a mínima para isso? Veja, não é porque o vizinho não tem um gramado que eu deva ficar conformado por ter um jardim feioso ou não reclamar e não fazer algo a respeito. E aí (voltando ao assunto) vejo que com o passar do tempo tenho tido cada vez menos interesse em me relacionar. Há outros detalhes também que são bastante relevantes. Sou careta, por exemplo. Faz diferença, sabe? Também não consigo pegar o que está acontecendo assim no ar. Ou a coisa está clara ou não, não tenho paciência para ficar tentando descobrir o que querem dizer ou o que querem que eu faça. É preciso ser claro, na minha opinião, que talvez não seja compartilhada pela maioria, e aí temos outro problema.

Mas não só de ligações quebradas eu vivo. Tem algumas que dão certo. Não consigo, entretanto, lembrar de alguma que tenha resistido a uma boa coleção de anos, mas sou daquele tipo otimista, apesar do que você possa pensar. Sou sim, então sempre tem um ou dois por aqui que coloco fé! E é só em pessoas que consigo por fé, em nada mais. E não me venha falar que isso é parte do problema. Não estou reclamando, inclusive.

O que estava pensando no meio do dia ia para um lado diferente, na verdade, mas não dá para falar tudo, não é mesmo? Isso aqui é a Internet! É claro que eu posso mentir e/ou omitir. E devo fazê-lo, inclusive.

Um comentário:

Ana Andreolli disse...

eu tenho uma preguiça grande, ou falta de jeito, nao sei.. em fazer novas amizades, contato, coisas do tipo. enfim, tenho poucos, mas bons amigos.