quinta-feira, setembro 2

052 [temp]

Às vezes eu simplesmente perco as pessoas. Elas vão andando cada uma para o seu lado e de repente não sei mais onde elas estão. Outro dia estava dando uma olhada por aí.

Achei uma foto curiosa de uma garota que conheci anos atrás. Na ocasião ela trançava seu cabelo. Não é um detalhe muito relevante no momento, mas se relaciona com o que aconteceu quando vi a foto. Eu não gostava muito dela no começo, mas é aquela coisa de ciúme. Ela estava "roubando" uma amiga e, bom, eu era mais jovem e inocente. Ela não era muito esperta, coitada, mas provia um certo nível de diversão para o grupo. Era gente boa.

A garota que ela estava me roubando era simplesmente sensacional. Sabe aquela pessoa que olhamos a primeira vez e já pensamos "uau, como aquela pessoa é especial!"? Pois é, era ela. Não vou dizer que ela era pequena, mas era bem portátil. Ah, bons tempos. Lembro que a cada saída, mesmo que para dar umas duas voltas no quarteirão, era a maior diversão que eu poderia querer a qualquer momento. Sensacional.

Eu tinha um amigo também. era um sujeito estranho, apesar de tudo, mas quem não é? Li na camiseta de uma outra amiga "de perto ninguém é normal", então eu não julgo. Aliás, quem sou eu para julgar? Eramos bons no jogo. Nos jogos, na verdade. Eram vários. Bons tempos.

Havia uma garota. Ela me irritava um pouco de vez em quando. Bastante. Mas no minuto seguinte tudo poderia acontecer. Esse era o charme de estar com ela. O Seinfeld disse outro dia para o George "andar com você é como estar numa selva. A gente nunca sabe o que vem pela frente". Essa frase combinava bem com a situação. Tempos bons.

Às vezes eu simplesmente perco as pessoas. A garota das tranças, por exemplo, agora tem cabelo vermelho. Não tenho nada contra o vermelho. Verdade, mas não ficou tão bom. Mas não importa. De todo modo ela se deixou levar pela onda, pela moda. Não gosto de ondas e de modas nem das pessoas que se deixam levar. É assim que eu sou. Perdeu todo aquele charme e aquela diversão.

Ah, aquela garota sensacional. Nos perdemos no meio do caminho também. A coisa foi mudando e lá veio a onda e a moda de novo. A onda levou mais uma. Foi difícil me acostumar a idéia. Tentei aprender a nadar, tentei arrumar uma bóia, tentei jogar uma corda e puxar de volta, mas não deu muito certo. Acho que no final é por isso que não resolvi entrar na marinha.

Aquele sujeito nunca mais foi o mesmo depois de entrar pela primeira vez na água. Eu sei que não. Todos nós vimos, todos nós comentamos. Até minha mãe, veja só. Curioso, não? Mas eu não julgo também. Mas não conseguia continuar tentando resgatar deixei de lado.

Fui menos cutucado, depois de um tempo. Senti saudade? Bom, não necessariamente, mas eu sabia que tinha algo faltando. Mas ela resistiu mais às tentações que os outros. Forte, ela. Eu sei, eu sei. Respeitava isso nela. Respeito ainda, na verdade.

No fim me perdi também, mas... acho que é porque encarei isso da maneira errada, pelo lado errado. Talvez eu é que tenha sido levado pela onda, mas... é estranho. Se eu for considerar essa possibilidade quer dizer que ou a onda é fraca ou eu sou fraco, porque só eu acabei indo para longe, longe.

Acho que as coisas ainda podem dar certo, não é!? Podem sim.

Um comentário:

Nu disse...

Também me perco.
qdo me dou conta, estamos acomodados demais pra nos dar ao trabalho de se resgatar.