domingo, setembro 4

Jornal e banheiro

Fiquei com medo de não voltar, mas nesta sexta-feira aconteceu algo novo e... bom, compartilhei no twitter o espírito da coisa, mas acho que posso aproveitar o espaço daqui e a falta de limitação de caracteres para deixar mais claro o que aconteceu, não é?

Cheguei no ponto de ônibus, sentei e uns minutos depois o sujeito que estava do meu lado disse para eu ler a capa. Era um sujeito mal vestido, sujo, aparentemente um mendigo ou algo próximo disso. Achei que ele não sabia ler, então li em voz alta para o rapaz. Quando terminei ele me explicou do que se tratava e que no dentro do jornal eles explicavam. Então ele sabe ler, afinal de contas (e provavelmente melhor que eu 7h30 da manhã). Depois leu uns 4 ou 5 outros títulos e me perguntava quando não compreendia o que queria dizer. Ele entendia as palavras, mas ficava confuso sobre o significado. Mas não da frase em si. Parecia que não tinha entendido no jornal funciona assim: a matéria é o que vem abaixo do título e não somente ele.

Não pego um daqueles ônibus abençoados, cheio de moças jovens e exuberantes (acho que é a primeira vez que escrevo esta palavra na minha vida). Não, são moças lá com seus 50 anos, que não ligam de ficar com a barriga de fora, mesmo que não sejam barrigas bonitas. Mesmo assim o sujeito resolveu fazer comentários baixinho sobre as formas das mulheres. Comentários depravados e completos de malícia. Inclusive perguntou sobre minhas preferências. Como sou um sujeito reservado, mas ainda assim que tenta ser polido, dei respostas vagas e pouco tendenciosas até que ele disse que é assim mesmo. Disse que não devemos forçar as mulheres, senão dá cadeia. Disse que não quer voltar pra lá por nada, que ficou 18 anos preso porque, segundo ele, matou 3 pessoas. Não resisti e tive que recomendá-lo para parar de matar as pessoas. Ele deu os motivos dele. Dois compraram "bagulho" dele, seja o que for, e não pagaram. Ele "teve" que matá-los. O terceiro comprou uma bicicleta cara dele e não pagou. Morreu também. Depois disso apertou a minha mão, e todo mundo que me conhece sabe o quando eu adoro isso, e foi embora.

Fiquei pensando sozinho... ele vendeu para um, que não pagou, matou e foi pra cadeia. Depois de novo. Por que diabos vendou a bicicleta fiado também? Será que ele não desconfia que as pessoas não gostam de dar seu dinheiro pra ele? Sabe, dizem que errar é humano, mas persistir...

Era uma bicicleta. Será que não poderia tomar a bicicleta do caboclo? Precisava matá-lo? Sei lá o que se passa na cabeça desses sujeitos.

Por outro lado também ele poderia estar querendo me impressionar. Talvez me assustar. Bom, eu vou me lembrar de não comprar nada fiado dele pra garantir.

Falando um bocadinho de mim agora, tive uma conversa bastante esclarecedora hoje. Acho que devo mudar. Não é bem que esclareceu alguma coisa, mas... saiu, compreende? Quando as coisas estão presas dentro de você, te pressionando, pressionando e de repente você deixa sair e se sente bem? É quase como ir ao banheiro!

Tudo bem com você?

Ah, o título não transparece o que você acabou de ler, não é? Me diz uma coisa: você chegou a pensar nisso antes de chegar nessa frase ou nem percebeu?

3 comentários:

Nu disse...

antes de chegar naquela frase eu pensei "o jornal já foi, agora falta ele falar do banheiro"

nunca vi um onibus assim cheio de moças jovens e exuberantes.

sujeito interessante esse... não vai me pagar? morra!

Raissa D. disse...

aah que bom que voltou a escrever aqui! \o/
e esses sujeitos aí sempre tem alguma coisa inusitada pra nos contar, não é mesmo?! hahaha
(quando li o título fiquei tipo "como assim?")

Ana Andreolli disse...

pensei q vc tivesse ido lavar a mão dps dele te cumprimentar, por isso 'banheiro'